quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Haven

    A espera era o pior, ele poderia não vir, ele poderia desistir de nós. Mas ele veio. Ele -meu grande amor- não desistira de mim.

    [...]

    Aquela noite estava na lista das mais perfeitas, eu tive dúvidas porém logo foram esquecidas quando olhei nos olhos de Shy, tive certeza do que eu queria...ele! Eu amava -mais que qualquer coisa- o beijo daquele homem, me fazia esquecer qualquer coisa. Esqueci que meu irmão estava no quarto ao lado, que meu pai poderia chegar. Nada me faria parar, eu estava entorpecida pelo seu amor, seduzida pelos seus olhos. Eu nem tinha noção se o que ele sentia, enquanto me beijava daquele jeito, era tão grande e intenso como o que eu sentia.
    Cada toque era uma viagem à um mundo que só pertencia a nós dois, onde ninguém poderia nos tirar dali. Shy era perfeito, assim como o momento. Certo e perfeito! Eu nem imaginava a tempestade que vinha pela frente em nossas vidas, que aquela seria a primeira e a última noite juntos.
    Muitas coisas foram acontecendo, o mau entendido daquela noite fez meu pai e meu irmão o odiarem e querer acabar com sua vida. Tudo foi acontecendo errado, não era assim que nós queríamos. Eles brigaram, Shy sumiu, eu virei uma viciada que banalizava o corpo como que para esquecer o que a ausência dele em causava. Aquela noite que parecia tão perfeita foi a primeira marcha pra minha derrota. O desencadear da história só acelerava e eu não tinha saída, não havia ''marcha ré'' eu só podia seguir em frente, caminhava para chegar ao fim da linha onde Shy estaria me esperando e sermos finalmente felizes.
    A pior notícia chegou aos meus ouvidos que me fez frear bruscamente e derrapar: Shy havia matado meu irmão durante uma briga. Eu não mantive o controle da minha própria vida, eu não podia continuar com o assassino de Hammer, aquele não era o Shy que eu conhecia, que eu era apaixonada e que me fez tão feliz naquela noite; com aquele mostro eu não ficaria.
    Então me dei conta que quanto mais eu acelerava mais me afastava dele, que ele não estaria me esperando no fim da linha. Abandonei a direção ali, desisti de chegar onde eu queria. Desde então, conduziria minha vida em outra estrada, em outro automóvel em que o combustível que me mova não seja o amor.