quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Obscura

    Ainda parece tudo escuro, sombrio, agarrado à trevas que não me deixam sair, sinto como seu eu pudesse me atirar em uma areia movediça e me deixar perder sem olhar pra cima, sem pedir ajuda ou demonstrar qualquer arrependimento.
    Enquanto você vive feliz em seu mundinho de cores, o meu se apaga, se dissipa... Sem você... Sem amor... Sem cores... Sem olhares felizes... Sem beijos de amor... Eu construo um escudo de gelo sobre minha alma e meu coração se transforma em um lugar fechado pra visitas, onde se habitam mágoas, onde só há dor, onde você deixou um vazio.
    O som de botas andando pelo quarto escuro, de um lado para outro, a cama vazia, o vento frio que entra pela janela me arrepia, sombras se arrastam pelo quarto, sugam minha vitalidade e trazem à tona um ser frio e sem amor próprio que se escondia em algum lugar aqui dentro.
    Vejo o sangue escorrer nos meus pulsos e me causa êxtase, a lembrança tua me atormenta, me enlouquece, o que um comprimido ou umas tragadas inibem por hora. Só o que há depois são lagrimas negras, o rímel da semana passada e o sofrimento de meses. Esqueça! Não quero ser salva, quero a escuridão comigo, ela me reconforta, me guarda e protege de você.
   Eu grito, grito, grito e ninguém me ouve, você está longe demais para me ouvir. Me ignoram, me chamam de louca. Você nem ninguém me enxergam de verdade, não entendem meu silêncio, minha mágoa, minha insanidade, julgam sem saber.
   Só o calor do teu corpo pode me derreter e me fazer emergir desse mar obscuro. Eu sinto teus olhos em mim, ainda me dizem algo e eu pouco me importo. Sinto minha alma presa à ti. Me chame, me puxe, me acorde, preciso de ti  como preciso de ar.. Aqui embaixo é tão frio e mal posso respirar...
    Você me deixou, me largou sozinha, não estranhem o que me tornei, foram todos vocês que me jogaram aqui.