domingo, 27 de março de 2016

Fazes-me, uma metá-fase. Sou um conjunto, um conforto, um lamento, e um desejo. Sou o não concreto, à porta entreaberta, que espera qualquer sentimento. Sou a poesia que nasce da euforia de quem escreveu.

 Escreveu pra não explodir-se. Sou palavras vomitadas no ritmo descompassado. Ai, vê que agonia? Sou tanta coisa que não sou nada. E aconteço sem perceber-me. E estrago meus limites, tão timidamente traçados.  Surpresa, vejo que em mim, cabe o universo todo. E muito mais. Medos e quedas. Termino-me assim. Aniquilada por ser muito. Por ser quase nada. Poeira encabulada..


(Autor desconhecido)
o ápice era o ponto de partida
quando ainda era demorada a tua partida
estou partida
essa parte ida de mim
que tu não levas
aqui falta o que tu não mais preenches
e a sobra de tudo é também o resto do que falta

segunda-feira, 21 de março de 2016

Sem-entes



Nos jogaram à terra,
e então jogaram a terra.
Ao pó retornaremos?
Podíamos ver a terra escorrer por entre os dedos frios e acusadores
Sentimos ela nos tomar,
nós afundamos!
Éramos minoria... toda aquela terra,
e nós
perdidas naquela imensidão de nada
Eles se foram sem olhar pra trás
Estávamos abaixo do solo que eles pisavam,
brotando,
rompendo,
crescendo,
à luz.

Nos enterraram.
E mal sabiam que éramos sementes.